quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Votar é preciso?


Hoje recebi, via spam, um convite para participar de um encontro com um candidato deste próximo pleito à câmara de vereadores de minha cidade.

Minha primeira reação, obviamente instintiva, foi a de xingar a quem comprou ilicitamente uma lista de endereços, onde o meu figurava. "Tratar de assunto tão importante e ético partindo de um gesto escuso?" - pensei.

Felizmente, com uma paciência que não me é tão comum, decidi dar uma olhada no remetente e descobri tratar-se de pessoa com quem tenho grande afinidade e, ao ler a introdução do texto, acabei adorando a iniciativa. Principalmente porque não se tratava de uma provocação vazia, mas da apresentação de um candidato que traz associado a seu nome uma proposta, fala de assuntos pertinentes e apresenta-se disposto a, pelo menos, dialogar publicamente.

Resolvi me aprofundar no assunto pois, ainda que não concorde com suas idéias, considero importante que nos acostumemos a participar deste momento, afinal, ele define o nosso futuro e o futuro de nossos vizinhos e amigos.

Por conta de uma agenda apertada, eu não poderia participar de tal encontro, mas acabei dando uma boa olhada no programa do tal candidato e de seu partido, além de dar uma conferida no Programa Cidades Sustentáveis (provocado pelo discurso do próprio). Para minha surpresa, notei que todos os candidatos de ponta ao cargo majoritário (prefeito) são signatários do programa, por mais que isto possa parecer contraditório para alguns.

Percebi então que fazia sentido levar a lição pra casa e comparar os programas publicados pelos prepostos a usufruir de meu voto (e suas benesses), com os compromissos que eles assinaram. Se não encontrasse muitas afinidades, com certeza encontraria as brechas nos discursos duns e doutros, o que me poderia servir para escolher entre o menos pior, no caso de não me aparecer um melhor. 

Pois é, uma trabalheira... Mas sempre foi muito difícil e muito trabalhoso separar o joio do trigo. Uma tarefa que não se mostra tão difícil assim é saber quem tem compromisso conosco ou não, vejam o exemplo aí:


Orçamento executado decidido de forma participativa
Percentual do orçamento executado decidido participativamente.
Meta: Implantar o Orçamento Participativo, divulgá-lo em formato aberto e atualizar constantemente todos os dados referentes ao orçamento da cidade.

Não é preciso nem muito esforço para descobrir que nenhum dos candidatos mais cotados em minha cidade tem esta preocupação relatada em seu programa... Pelo menos não da forma como está aqui proposto.

Bem... Pra concluir, acredito ser imprescindível que tiremos alguns minutos para a reflexão sobre um assunto tão importante como a eleição municipal. Afinal, por maior e mais importante que seja o nosso Estado ou a nossa Nação, todos nós vivemos e dependemos das pequenas resoluções que se passam em nossos municípios, muito mais do que das macro políticas públicas ditadas a partir do Planalto Central.

É nas cidades e seus entornos que nossa vida acontece, que nossos filhos crescem ou adoecem, onde nossos vizinhos e amigos se encontram, se esbarram e aprendem a conviver (ou não) em comunidade.

E, para não desperdiçarmos o que de mais precioso temos para controlar nossa sociedade, lembrem-se de duas coisas sobre representação política em nosso país (e seu desvirtuado sistema eleitoral): 

1) Não há voto útil (aquele que agente usa, influenciado pelas pesquisas, pra não deixar um cara ruim chegar lá) num primeiro turno concorrido, nem para cargos proporcionais (câmaras). Aqui todos devemos votar conforme nossa própria convicção;

2) Quanto maior for a diversidade de idéias nas câmaras legislativas, melhor para a população, que terá sua diversidade lá espelhada. Ali, ética e compromisso valem mais do que experiência e nome forte, pelo menos para quem fica de fora (o cidadão).

Se quiserem se aprofundar no assunto, confiram a página do Movimento Voto Consciente e não deixem de honrar seu voto. 

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Nosso direito de "viver a morte"

Vejam que reportagem interessante, de Eliane Brum para a Época...

Não é assunto dos mais agradáveis, mas precisa ser discutido diante da perda de domínio sobre nossas vidas, para outros que se dizem mais capazes do que nós, a decidir pelo que nos é melhor. 

Esta questão extrapola o assunto que está aí proposto, para chegar a cada aspecto de nosso cotidiano. Hoje, são os legisladores e conselheiros que definem quanto sal ou açúcar podem estar presentes em nossa dieta, de que forma e onde podemos comprar as verduras, frutas e legumes. Ditam, até mesmo, quanta porções de carne ou vegetais devem compor a merenda de nossos filhos.

Definem se aquela erva ou remédio caseiro podem ser usados, se as terapias tradicionais milenares serão aplicadas por conhecedores de grande vivência ou por diplomados de pouca experiência, definem ainda se profissionais de áreas afins poderão, ou não, atuarem sem a supervisão de outros de maior competência e, até mesmo, se o parto de nossos filhos poderá ou não ser feito de modo mais natural (leiam também sobre decisão do CREMERJ).


E a bem de quem são tomadas tais decisões? Das pessoas? Pois eu duvido muito... Mais provável é, que todo este esforço tenha a única intenção de aumentar a reserva de mercado de uma categoria que se mostra cada vez mais distante da realidade e das necessidades das pessoas a quem pretendem atender, os médicos.

Aprofundem-se no tema, tomem novamente a rédea de suas vidas, mas não se desesperem... A luz no fim do túnel somos nós que acendemos.