segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Plebiscito e choradeira

Com o resultado das urnas a respeito do plebiscito pela divisão do Pará, uma choradeira generalizada percorreu nosso país.

Cantores embrenhados na cena política utilizaram sua imagem pública para chorar o leite derramado. Políticos e governantes contrariados subiram aos palanques para utilizarem-se de chantagem emocional contra os próprios eleitores. Houve até quem decretasse luto oficial, como se tivesse havido a morte de algum ente público.

E se olharmos bem a fundo, com lupa e microscópio, veremos que alguém realmente morreu. Morreu a civilidade de uma classe que aprova e incentiva o processo democrático quando lhe convém, mas o acusa de injusto, quando lhe é desfavorável.

Morreu o senso de responsabilidade de quem se utiliza de chantagem emocional pública, para fazer valer seus interesses velados de locupletação pessoal.

Morreu a vergonha de quem mostra a face para chorar lágrimas de mentira enquanto esconde as garras afiadas já prontas para o abate do bem público em satisfação pessoal.

Finalmente, morreu a lógica, de quem, num Estado Democrático de Direito, apela às urnas e não lhes dá a soberania do resultado.

Decretemos luto oficial, não apenas em Santarém, mas em todo o nosso pobre Brasil, que já não sabe, sequer, o que realmente quer.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Dia dos namorados sustentável

Como tantas outras datas comemorativas, o Dia dos Namorados foi intencionalmente criado para incrementar o comércio sendo, atualmente, a terceira melhor data do calendário para o varejo nacional, numa posição de "quase empate" com o dia das mães que perde (por não muito) para o Natal, uma data cristã há muito tempo cooptada pelos interesses comerciais.

Nestas épocas é visível a forma desmedida com que nos lançamos às compras, dando vazão à subjetividade e irracionalidade no momento em que nos postamos em frente às vitrines. Vale qualquer coisa (e qualquer gasto) para agradar à nossa cara-metade.

Mas, em tempos de elevadas preocupações socioambientais, escolher como e com o que presentear nosso amor pode ser a chave para uma relação sustentável com o nosso mundo e para a real medida da importância da outra parte para nós.

O iPad (ou Blackberry) tão cobiçado, mas cuja necessidade ainda não é premente pelo seu amado(a), poderia ser substituído por um lindo ramalhete de flores e um ótimo café-da-manhã, com grandes vantagens financeiras, socioambientais e até mesmo afetivas.

E eu ainda digo que, empunhar as flores na porta da casa da amada, com um par de ingressos para a peça de teatro do momento, pode ser um gesto muito mais convincente da medida de seu amor, do que comprar um gadget caríssimo pela internet, em 12x sem juros no cartão, para ser entregue no seu local de trabalho com aquele cartãozinho padronizado, assinado pela loja on-line.

Então lembrem-se: neste Dia dos Namorados, consumam com responsabilidade e com muito amor.

Divirtam-se,

domingo, 5 de junho de 2011

Iniciativa "Você no Parlamento", participe

A participação da sociedade, nas decisões legislativas é um desejo ao mesmo tempo antigo e urgente. A iniciativa "Você no Parlamento", da Rede Nossa São Paulo, vem justamente de encontro a esta nossa demanda por mais voz nas câmaras legislativas de nosso país, começando justamente por sua maior e mais importante cidade.

De 15 de junho a 15 de agosto, toda a população vai ser convidada a escolher quais medidas devem ser priorizadas pelo poder público em 2012 em 18 temas.

Ao criar uma nova relação entre o Legislativo e a sociedade, a campanha vai convocar toda a população paulistana a elencar prioridades em diversas áreas (Saúde, Educação, etc), utilizando como ponto de partida os indicadores do IRBEM - Indicadores de Referência de Bem Estar no Município, e, com isso, pautar a o trabalho dos vereadores.

O questionário (impresso e online) foi elaborado por um Conselho Técnico composto por representantes de diversas instituições – além da Rede e da Câmara – como USP, FGV, Escola de Governo e Ibope.

O resultado desta consulta pública – que será realizada entre 15 de junho e 15 de agosto – vai abordar três dimensões de atribuições da Câmara:


Prioridades eleitas que podem e devem transformar-se em Projetos de Lei;

Prioridades eleitas que podem e devem transformar-se em Emendas ao Orçamento para 2012;

Prioridades eleitas que podem e devem transformar-se em Ações Legislativas de Fiscalização do Poder Executivo.


Então, coloquem em suas agendas a data de 15 de Junho, para acessarem o site da campanha e fazerem ouvir suas vozes e valer seus desejos por uma cidade melhor.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

E... Passou!!

Confirmando sua tradição de truculência e fisiologismo, a camara federal aprovou, contra tudo e contra todos, as alterações do Novo Código Florestal na noite de ontem.

Este episódio, assim como tantos outros, demonstra a real condição da representação política em nosso país que, efetivamente preocupada com o interesse próprio dos agentes, ou o interesse de grandes grupos econômicos de pouca ou nenhuma responsabilidade com a sociedade, carece totalmente de legitimidade e amparo moral.

Antes de continuar lutando por causas que, sujeitas à vontade egocêntrica de nossos governantes e legisladores têm pouca, ou nenhuma, chance de reverterem-se em verdadeiros benefícios à comunidade que os elege, talvez seja chegada a hora de a sociedade organizada unir-se em torno de um único e nobre objetivo: Uma ampla, democrática e participativa reforma política.

Vamos, com urgência, exigir o plebiscito!!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

E agora, que faço com o meu lixo?

Já não é de hoje, e nem só nas grandes cidades brasileiras, que ouvimos falar do lixo e dos problemas associados a ele.

Por todo o mundo, a produção, o transporte e a destinação do lixo traz enormes desafios aos administradores públicos, que nem sempre conseguem atingir boas soluções, apesar dos incríveis esforços e recuros empenhados.

Não faltam excelentes exemplos, como o das cidades de Barcelona e Estocolmo, onde os moradores podem colocar seus sacos de resíduos em containeres especialmente projetados e excelentemente localizados, para vê-los sendo sugados para longe, por uma engenhosa rede de tubos de alta tecnologia.

No entanto, são sistemas que requerem investimentos e planejamento tão altos, que sua aplicação acaba sendo limitada a locais cujas demais prioridades já tenham sido atendidas há muito tempo.

Para a maioria da regiões do mundo a melhor, e talvez única, solução para este problema seja a compreensão da população de que precisamos, urgentemente, reduzir a produção de resíduos.

Esta, talvez não seja tarefa fácil, mas é perfeitamente tangível, desde que passemos a planejar melhor nossas vidas cotidianas.

Reduzir o volume e o espaço de tempo entre as compras de perecíveis, planejar o cardápio da família, de forma a não cozinhar mais do que aquilo que será consumido, policiar-se, de maneira a reduzir as compras por impulso, evitar correr atrás de cada novidade do mercado tecnológico, observar o volume de embalagens de cada produto que compramos, construir um minhocário e trocar o piso do quintal por uma horta, onde se possa usar o húmus produzido ali...

Mil maneiras existem para que a comunidade assuma parte da responsabilidade pelo tratamento e disposição dos resíduos, deixando de depender, exclusivamente, de autoridades que há muito demonstram incapacidade para a boa gestão deste grande problema.

Aproveitem a vida e curtam suas alfaces e suas minhocas!

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A saga do "Novo Código Florestal'

Já nem é mais notícia o assunto de que, a cada dia, aproxima-se mais o momento em que teremos deformado e esquartejado aquele que já foi considerado o mais moderno e avançado instrumento legal de proteção ao meio ambiente de todo o mundo, o Novo Código Florestal Brasileiro.

Nascida em 1934 e modernizada em 1965, como o "Novo" Código Florestal, esta legislação abrangente e pouco respeitada tem recebido inúmeras investidas de organizações de interesses escusos e pouco transparentes que, caso obtenham sucesso em sua empreitada, acabarão por desfigura-lo, transformando-o numa daquelas "colchas-de-retalho", tão conhecidas em nosso país que, por tão confusas e lenientes, acabam por não terem nenhum sentido prático, permitindo todo o tipo de barbáries, desde que se tenha poder econômico para distorcê-las com bons advogados.

No sentido de esclarecer e informar a respeito destas alterações, a entidade "SOS- Florestas", formada por organizações como o WWF-Brasil, ISA-Instituto Socio Ambiental, IPAM-Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, entre outros, organizou e disponibilizou, na forma de cartilha, um trabalho que visa ao esclarecimento da questão. "Código Florestal - Estenda o que está em jogo com a reforma de nossa legislação ambiental" é um trabalho que vai além dos discursos inflamados e joga luz em cada um dos polêmicos pontos desta questão tão importante, principalmente ao bem estar da população brasileira.

Lei mais em "O Eco" e baixe o documento em formato PDF.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O que será que é Belo Monte?

Excelente comentário de Sergio Abranches na CBN de hoje.