sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Campanha adote um vereador

Texto extraído do Blog Eleições 2008 da Revista Veja São Paulo.

por Uiara Araújo

Um projeto que visa a conscientização dos novos eleitores convida alunos da rede pública de ensino a "adotarem" um vereador. A idéia é do Instituto Ágora, uma Ong que fiscaliza o poder legislativo de São Paulo.

A ação vai começar ano que vem, a partir de fevereiro, quando os novos vereadores assumirem o cargo. Os alunos da sétima e oitava séries e também os do Ensino Médio vão acompanhar de perto o trabalho do vereador adotado. "O Instituto vai atualizar os alunos com as ações dos vereadores através do nosso site, e eles também poderão acompanhar as sessões da Câmara, depois disso serão convidados a sugerir propostas de leis para melhorias em seu bairro", explica Gilberto de Palma, diretor institucional do Ágora.

Na mesma linha deste projeto, o blog no Milton Jung, locutor da rádio CBN, adotou a idéia e lançou uma campanha para que os ouvintes façam o mesmo, escolham um vereador e fiscalizem o que ele tem feito na Câmara.

Gostou da idéia? Confira a lista completa com os 55 vereadores eleitos e escolha um para acompanhar.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Mais um marco legal a cair por terra

Esta é mais uma da série: "Se não podemos vencer as leis, acabemos com elas"

Há pouquíssimos dias eu postei aqui um artigo que trata da ameça impinjida às cavernas de nosso país, provocada pela alteração da legislação que protege estas ocorrências.

Passadas não mais de 72 horas, eu sou forçado a falar-lhes mais uma vez da maneira inescrupulosa como nossos representantes legais, subjugados pelo poder econômico, têm se valido para adaptar a legislação ambiental de nosso Brasil, outrora considerada uma das mais abrangentes do mundo, às vontades e ganâncias de uma classe de empreendedores que, a julgar por sua maneira de ação, certamente são oriundos das piores estirpes dos antigos escravagistas que cobriram de sangue os campos agrícolas dos interiores deste país.

Seu alvo agora é o ilustre Código Florestal Brasileiro (lei 4771/1965) que, apesar de datado de 1965 e pouqíssimo respeitado, continua a ser um dos mais adequados instrumentos legais para a preservação das florestas brasileiras e de sua biodiversidade.

Para não tomar muito de seu tempo, eu coloco aqui o link para que você conheça o problema, engaje-se na causa ambiental e nos ajude a mostrar aos sórdidos exploradores de nossa nação que este país, assim como seu povo, estão mudando e não os querem mais por aqui.

Acesse o site http://www.meiamazonianao.org.br/, procure o link "conheça o problema" para inteirar-se do assunto, assine a petição e ajude a divulgar a campanha.

Se quiser conhecer outra campanha neste sentido e a opinião que este mortal tem destas ações, veja aqui o artigo "Se não nos adaptamos a elas, mudem-se as leis" e ajude os espeleólogos a salvar um ecossistema que, apesar de não enxergarmos, é crucial para a manutenção de um ambiente equilibrado que sirva como suporte da vida em nosso planeta.

"Virar as costas à natureza é virar as costas à possibilidade de manutenção da vida de nossa espécie neste planeta"

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Se não nos adaptamos a elas, mudem-se as leis

Manifesto contrário à alteração do código que protege as cavernas de nosso país

Ao que parece, findo este período em que o proletariado tomou as rédeas de nosso país, com seu anseio de enriquecimento econômico a qualquer custo, teremos nós, sejamos ambientalistas ou reles cidadãos, muito mais motivos para choro do que para comemoração.

Embasados pelo discurso de que nosso país necessita de um crescimento econômico exponencial e de que, apenas com a disposição de nossos recursos naturais se poderá alcançar tal meta, até mesmo entidades como o Ministério do Meio Ambiente, órgão que deveria, por natureza, cuidar a natureza, rendem-se a um processo de degradação dos conceitos relacionados à questão ambiental, numa corrente absolutamente contrária àquela move o mundo moderno.

Enquanto Europeus, Asiáticos e até os Norte-Americanos (quem diria) mostram-se sensíveis à verdade incontestável dos fatos, que demonstram a cada dia a tragédia que se aproxima dos que não têm respeito pelo mundo que ocupam, nós, os Tupiniquins, reerguemos a bandeira do "desenvolvimentismo", dos antigos governos centralizadores e de visão obscurecida, e lançamos nossos tratores munidos de suas pás escavadeiras e correntões aos quatro cantos de nosso país-continente.

De norte a sul, de leste a oeste e agora até abaixo da terra, as notícias que nos chegam a cada dia nos dão conta de que, em muito pouco tempo, nem mesmo a legislação ambiental de nosso país, considerada por muitos estudiosos uma das mais modernas, abrangentes e eficazes do mundo, restará.

Cansados de agirem à margem da lei, desmatadores, criminosos e gananciosos agoram lançam uma nova ofensiva contra o ambiente ao qual já se acostumaram a explorar. Já que o custo de burlar a lei lhes parece maior hoje do que há alguns anos, metem-se a financiar o movimento que alterará os códigos escritos para que estes não lhes causem mais dificuldades e onerações.

Ao final das contas poderemos nos tornar um grande país, onde as florestas, a biodiversidade, o patrimônio natural e a saúde, física, mental e intelectual, de sua população são dizimados enquanto grandes madeireiros, latifundiários e mineradores são premiados por cumprir uma regulamentação que adaptou-se aos seus métodos ao invés de seus métodos terem se adaptado ao respeito ao meio natural de que tanto carecemos.

Aos que tiverem possibilidade de se engajar nesta corrente do bem, acessem o site da Sociedade Brasileira de Espeleologia (http://www.sbe.com.br/manifesto.asp) e auxiliem no manifesto contrário à alteração do código que protege as cavernas de nosso país.

"Não desanimem no campo de batalha, pois Deus estará ao lado dos que empunham a espada para defender o bem e a justiça." (Frase atribuída a William Wallace, personagem real que inspirou o filme "Coração Valente")

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O verde que nos faz falta.

Muitas vezes os amigos que não estão tão embrenhados quanto eu nas questões ambientais podem achar meus textos chatos, técnicos demais ou longe de sua realidade.

O fato é que, a cada dia, todos nós nos sentimos mais distantes de nossa origem junto à natureza, uma preocupação que pode ser medida pela quantidade de setores que passam a se preocupar com as questões ambientais.
Obviamente, muitos dos anúncios que vemos na mídia afora, podem pressupor uma preocupação das empresas com as solicitações e anseios de seus clientes. No entanto, muitas outras ações têm surgido expontaneamente, chegando até mesmo a criar nichos de negócios onde não existiam consumidores.

Um destes setores é o da "Construção Verde". Ainda que impulsionados pela emergência (de emergir) dos "negócios verdes" e pela demanda criada a partir de pequenos grupos de consumidores, não é difícil de se entender que um prédio, totalmente coberto por jardins, possa ter sido construído antes de que o mercado o tivesse solicitado.

Agora, depois que as primeiras obras "efetivamente verdes", começaram a surgir e mostraram-se como uma nova tendência (nem tão nova assim), poderão criar uma demanda por negócios e uma atração de público consumidor que será capaz de espalhar estes "monumentos ao resgate de nossa condição natural" por todo o mundo.

Se você não sabia porque todos gostam de ter, ao menos, um vasinho de comigo-ninguém-pode no banheiro do apartamento, talvez goste de saber que, muito provavelmente, nosso sub-consciente jamais deixou de tentar retornar à suas origens.

Visite o Blog de Paisagismo da Lopes e leia a estas duas matérias:

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Já escolheu seu candidato?

Com os cumprimentos ao amigo Flavio...

Já faz bastante tempo que estamos envolvidos na disputa eleitoral cujo fim se avizinha e, assim como boa parte dos que encontro em meu dia-a-dia, eu ainda não consegui definir, com alto grau de certeza, qual será minha opção no momento de entregar meu voto a um cadidato à Câmara Legislativa de minha cidade.

Diferentemente da eleição majoritária, onde os candidatos apresentam-se com suas propostas e expõem-se a todo o tipo de situações em que têm sua vida pública (e até a privada) aberta à visitação do eleitores, na eleição aos cargos legislativos esta exposição é bem menos evidente.

Aí abaixo está reproduzido o texto de uma mensagem que me foi enviada por um amigo e que poderá ajudá-lo nesta árdua e perigosa tarefa. Quero destacar o site da Folha Online, onde, além do perfil e propostas dos candidatos, há uma relação de matérias publicadas sobre cada um deles.

Aproveitem o final de semana e façam sua escolha com argumentos.

"Avalie o vereador antes de votar"

Para aqueles que não tiveram oportunidade de ler a Vejinha deste último final de semana a respeito do desempenho medíocre dos vereadores.....

Resumo:

São 55 vereadores e apenas 15% receberam nota acima de 7. Ítens avaliados: projetos de lei apresentados, presença em comissões, presença nas votações nominais, fidelidade partidária.

Das 1.314 leis aprovadas entre janeiro de 2005 e junho de 2008 70% são homenagens a personalidades, datas comemorativas ou dão nome a ruas, praças e pontes...............

Os vereadores estão com salário de R$ 9.288,00 + verba mensal de gabinete de R$ 71.564,00 para pagamento de até 18 funcionários + R$ 13.950,00 para arcar com custo de material de escritório, transporte e telefone = R$ 94.802,00 mensais...........

Os vereadores servem para legislar ( propor leis que regulem a vida do município e autorizar ou vetar os projetos enviados pelo prefeito) e fiscalizar as ações do Executivo.


Para saber se o candidado tem passado limpo e é trabalhador
Ong Movimento Voto Consciente -
www.votoconsciente.org.br
Transparência Brasil - www.excelências.org.br
Instituto Agora em Defesa do Eleitor e da democracia - www.institutoagora.org.br
Movimento Nossa São Paulo (carta compromisso: ética e transparência) - www.nossasaopaulo.org.br

Para conhecer o perfil e as propostas de cada um deles
Folha Online especial Eleições 2008 - http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2008/eleicoes/vereadores/sp-sao_paulo-43010-3.shtml

Encrencas na justiça (com o nome já é suficiente):
www.excelências.org.br - comece a consulta pelo tribunal da justiça: http://consulta.tj.sp.gov.br
Repita no Superior Tribunal da Justiça:
www.stj.gov.br

Para saber se o candidato é suspeito de crimes eleitorais:
Use a base do tibunal superior eleitoral:
www.tse.jus.br selecionando a opção "acompanhamento push"

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Ambiente e Cidadania se Misturam?

Se você mora nas áreas mais centrais e civilizadas da Cidade de São Paulo, talvez não tenha tido o prazer de encontrá-los em seu caminho. Mas se costuma frequentar os bairros mais periféricos ou as cidades mais afastadas da região metropolitana, certamente já se deparou com um carro de som fazendo campanha política para algum vereador ou até mesmo o prefeito de sua região.

Estes equipamentos, que a cada novo período eleitoral proliferam-se em velocidade absurda, são, muitas vezes, o ápice de uma campanha política e costumam receber a maior parte da atenção ou dos recursos de campanha de alguns candidatos, principalmente quando pleiteiam cargos legislativos (vereadores e deputados).


Se cumprem o seu papel e trazem aos candidatos votos caçados ao vento, ninguém saberia dizer, posto que dificilmente estas campanhas relâmpago e improvisadas possuem estudos de validação de veículos de marketing.

O que é certo é que existe, atrelada a eles uma unanimidade. À excessão dos que se utilizam destes veículos, ninguém que não ganhe dinheiro com este meio de propaganda gosta dele.

Fato concreto é que os tais carros-de-som incomodam a vizinhança com o volume extremamente alto de seus potentes sistemas, muitas vezes reproduzem grosserias, gravadas ou elaboradas ao vivo do alto de palanques improvisados sobre eles, quando este ou aquele candidato sente-se ultrajado por seu oponente, atrapalham o fluxo do trânsito ao trafegar por vias estreitas em velocidade extremamente baixa, isto quando finalmente não atravancam de vez os caminhos dos cidadãos ao quebrarem em plena via de tráfego.

Isto porque, como você já deve ter notado, a improvisação e a utilização de veículos velhos dotados de pouca, ou nenhuma manutenção, são a tônica deste mercado.

E o que teria isto a ver com ambiente e cidadania?

Pois saiba você que o alto volume de ruídos emitidos por estes veículos é um dos componentes de um grave problema ambiental das grandes cidades: a poluição sonora. A poluição sonora é responsável por uma grande quantidade de problemas de saúde física e mental dos moradores dos grandes centros urbanos. Ela também é causadora de problemas de orientação de animais silvestres que, desavisadamente, insistem em morar na loucura cosmopolita de nossas cidades.

É um componente tão grave que recebeu, dos mesmos legisladores que se utilizam dos carros-de-som, uma série de artigos, parágrafos, resoluções e portarias distribuídos em todos os níveis da legislação brasileira.

Como exemplo está o Código Nacional de Trânsito, regulamentado por uma resolução do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN):

"Caracteriza infração, usar no veículo equipamento com som em volume ou freqüência que não sejam autorizados pelo CONTRAN:
Infração - grave; Penalidade - multa; Medida administrativa - retenção do veículo para regularização."
(Lei 9503/97, art. 228, caput)


"A utilização, em veículos de qualquer espécie, de equipamento que produza
som só será permitida, nas vias terrestres abertas à circulação, em nível de pressão sonora não superior a 80 decibéis - dB(A), medido a 7 m (sete metros) de distância do veículo."
(Resolução CONTRAN 204/06, art. 1º, caput)


E, como explicar o fato de que candidatos à câmaras legislativas ou aos cargos majoritários não conheçam ou não se importem em infringir as leis que serão cuidadas por eles próprios?

A resposta: falta de cidadania.

Se em nosso amado Brasil, houvesse uma política de fiscalização e punição daqueles que infringem as normas, certamente barbaridades como esta não estariam ocorrendo. Veja que nossos queridos candidatos, mesmo antes de tornarem-se inatingíveis aos braços da lei pelos pressupostos de imunidade parlamentar, já agem como se fossem maiores do que os cidadãos comuns. Agem como se vivessem num lugar onde o poder os coloca acima das leis e onde a sociedade possui escalonamentos que dizem que classe de cidadão tem mais direitos ou mais deveres.

Dia destes ouvi numa entrevista radiofônica um comentário de nosso grande ministro e presidente do TSE, Marco Aurélio Mello, sobre um assunto qualquer, que disse: "...o problema é que os brasileiros não estão acostumados a cumprir regras, principalmente os que vivem na esfera pública..."

Pois, se estivessem acostumados a sofrer os castigos pelas regras infringidas, certamente não se teriam acostumado a descumpri-las.

Lembro-me de quando minha avó (que era muito bondosa, mas não uma santa) nos ameaçava, durante as extripulias mais atrozes de nossa infância, com uma tira de couro que dizia ela ter sido retirada do último porco que assara. O medo de ter aquele troço estalando em nossas pernas expostas pelas calças curtas fazia com que eu e meus primos deixássemos de lado, quase que imediatamente, qualquer pensamento ou atitude que pudesse desagradar à matriarca de nossa família.

E não o fazíamos somente pela ameaça, nossa quase petrificação advinha da lembrança da dor em nossas férteis e inexperientes mentes das vezes em que não havíamos levado a ameaça a sério.

E, já que nossos defensores das leis mostram-se incapazes de cumprir com sua obrigação, porque não tomamos nós esta atitude, por que não lhes mostramos a tal tira de couro? Da próxima vez que se sentir estressado pela presença irritante de um destes equipamentos, ao invés de apenas xingar, anote o nome e o número do candidato, escreva para seu comitê de campanha dizendo que não votará nele explicando o motivo e, quando chegar a hora, não se esqueça de cumprir a ameaça.

Divirtam-se sempre... Mas continuem se esforçando em cumprir as regras.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Será que remamos contra a maré?

Segundo o Programa Ambiental da ONU (Pnuma), os subsídios governamentais ao petróleo, que visam a manter o preço dos combustíveis baixos, são grandes responsáveis pela ampla difusão no uso das tecnologias energéticas mais poluidoras.

"A energia barata encoraja um maior consumo e desencoraja a eficiência. Além disto, ela também atrasa o processo de transição para fontes de energia limpa", segundo o relatório do Pnuma.

De acordo com Kaveh Zahedi, coordenador de mudança climática do Pnuma, "cortar os subsídios energéticos seria bom para o clima e reduziria as emissões de carbono em cerca de 6%".

É fato que, quando pensamos em tecnologias não poluidoras, o custo de implantação dos aquecedores solares , o preço do automóvel elétrico ou o conforto do uso de nosso carro em detrimento ao metrô, sempre esbarram na contabilidade que, certamente, leva em consideração um preço para o gás ou a gasolina que possuem uma forte dose de subsídios, mantidos pelo dinheiro que poderia ser utilizado pelos governantes em outras necessidades de maior prioridade para a sociedade.

Quer uma prova disto? Qual foi o aumento da gasolina na bomba de seu posto preferido enquanto o preço do petróleo batia seguidos recordes nos mercados internacionais, a ponto de preocupar as maiores economias do mundo?

Muito bem... Como se já não fosse um grande escândalo o fato de que o dinheiro público seja desperdiçado para manter uma medida extremamente popular e, no final das contas, pouco eficiente, como a manutenção dos preços dos combustíveis em baixa, hoje já existem articulações na administração pública para aumentar a dose de tais subsídios, de olho numa montanha de petróleo que sequer saiu do buraco.

Entre as medidas propostas pelo ministério de minas e energia, está a criação de linhas de crédito diferenciadas (leia-se subsidiadas pelo dinheiro público) para o investimento que será feito na tal "camada pré-sal". Pena que esta mesma medida não possa ser adotada quando falamos em expandir o saneamento básico, que não chega a atender à metade de nossa população. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) do IBGE, divulgada em 2002, 60% da população brasileira não tinha acesso à rede coletora de esgotos e apenas 20% do esgoto gerado no País recebia algum tipo de tratamento.

Eu tenho certeza de que muitos podem pensar agora que eu estou querendo ver a sua ruína pois, se tais subsídios não fossem aplicados a uma importante matéria prima, presente em toda a cadeia produtiva de nosso país, certamente os preços de quase tudo o que se pode comprar teriam uma elevação significativa.

Mas alguém já parou para pensar que, após décadas de injeção de dinheiro público barato (barato porque você não cobra nada para entregá-lo ao administrador público), numa política de incentivo ao consumo absolutamente equivocada, nós podemos ter criado uma falsa impressão acerca do valor das coisas?

E se esta montanha de dinheiro tivesse sido aplicada em segurança pública, educação pública eficiente, programas de inclusão social e saúde pública de qualidade? Certamente hoje você não estaria se preocupando em pagar o seguro do carro, o colégio de seus filhos ou os absurdos cobrados pelo seu plano de saúde familiar. Como consequência, poderia dispender uns reais a mais para adquirir um carro elétrico de alta eficiência que, pesados os custos de aquisição e manutenção, custaria o mesmo que o seu moderno, mas nem tanto, veículo flex, que pode não poluir pelo escapamento , mas causa enorme degradação ambiental ao necessitar de vastas áreas para o plantio da cana-de-açúcar.

Se quiser se aprofundar...

Órgão ambiental da ONU pede fim dos subsídios ao petróleo
O Pnuma no Brasil

Sistema Nacional de Informações Sobre o Saneamento (SNIS)

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Um Supermercado Verde?


Uma máxima da comunicação diz que, "mais importante do que fazer é falar que se faz". Aplicando esta máxima, em Indaiatuba, interior de São Paulo, foi inaugurado o primeiro "supermercado verde" do país.

Para aqueles que enxergam o "marketing verde" como uma cortina de fumaça para esconder dos clientes problemas que a empresa provoca ao ambiente ou como muito mais Marketing do que realmente Ações diferenciadas, o Grupo Pão de Açúcar parece estar se empenhando em mudar esta visão.

Ao que parece, muito mais do que apenas marketing, a aposta do Pão de Açucar com esta sua experiência é a de conquistar a fidelidade de clientes que, além de preocuparem-se com o impacto de suas atitudes no meio em que vivem estão, a cada dia, mais preparados para separar, na mesma cesta, aqueles que apenas dizem que fazem dos que realmente o fazem.

Confira o áudio de André Trigueiro para a CBN...




E visite a página do Grupo Pão de Açúcar.

Divirtam-se sempre...

sábado, 26 de julho de 2008

O preço dos alimentos e...

...os alimentos industrializados.

Lembro-me de quando minha avó, ao sentar à mesa nos almoços de Domingo, bradava com seu bom humor napolitano: "Que martírio esta minha vida, quase 4 horas a preparar o almoço que será devorado em menos de 20 minutos".

Verdade seja dita, por mais sorrisos, elogios e carinhos que recebesse de seus 4 filhos e 10 netos a cada Domingo, se ainda vivesse nos dias de hoje ela já haveria de se ter rendido aos alimentos industrializados, semi-prontos ou àqueles que compramos nas rotisseries e que nos consomem apenas alguns minutos de observação à frente do micro-ondas.

Não é errado atestar que, se desejássemos hoje dominar a cozinha tradicional, como o fazia minha avó, teríamos de acrescentar pelo menos umas quatro horas nas 24 de que dispomos a cada dia. Em meio ao trabalho que nos consome além do horário do cartão de ponto, às visitas obrigatórias à academia, à rotina de levarmos nossos filhos à escola, ao curso de línguas, às aulas de Fu-Ken-Po, à nossa própria necessidade de estudos e reciclagem de conhecimentos, para não se falar das horas perdidas no trânsito das grandes cidades, o tempo que nos sobra para a dedicação à culinária não pode ser maior do que os poucos minutos perdidos à frente da gôndola de congelados ao ler as instruções de preparo nas embalagens.

É fato que a vida contemporânea "exige" nossa adaptação a este novo modo de alimentação.

Mas também é fato que, ao delegar às indústrias a preparação, acondicionamento e distribuição destes alimentos, nos vemos obrigados a suportar uma série de custos e a aceitar uma certa gama de "ingredientes" que não são exatamente tão saudáveis quanto os que minha avó estava acostumada a utilizar.

Do ponto de vista do custo, ao comprar uma caixinha de suco de laranja, além de pagar pelo produto que ela contém você também estará pagando para própria embalagem, pelos salários dos funcionários do fabricante, pela energia elétrica e depreciação dos equipamentos envolvidos no processo industrial pelo qual ele passa, pagará ainda pelo combustível utilizado em toda a cadeia logística envolvida, pelo espaço de armazenagem em cada uma das empresas nas quais os diferentes itens que compõem aquele produto são produzidos, pelas comissões de vendas, pela campanha de marketing e, óbviamente, estará suportando os lucros de cada um dos parceiros que compõem a intrincada teia que se forma atrás daquela inocente caixinha.

Além disto, é claro que você já ouviu falar de "valor agregado". O valor agregado é uma técnica utilizada pela indústria para adiconar ainda mais valor ao produto que oferece aos seus consumidores, cobrando por ele um preço ainda maior do que o que seria apenas justo. No entanto, este valor nem sempre está ligado à qualidade nutricional do alimento ou ao seu sabor. Entenda por valor agregado uma boa campanha de marketing, uma embalagem diferenciada ou a aditivação de componentes como vitaminas e minerais que não são exatamente aqueles que deveriam existir ali dentro.

E por se falar em vitaminas, parece óbvio que, após uma linha de produção tão extensa, os valores nutricionais dos produtos embalados nos saquinhos, latas e caixinhas, não poderão ser os mesmos que os encontrados nos produtos "in-natura". Ou você acha possível que aquele pacotinho de sopa industrializada contenha muito mais do que amido, aromatizantes e alguns outros produtos de baixo valor nutricional?

Justamente este aspecto pouco nutritivo dos alimentos que consumimos acaba por nos trazer ainda mais custos, quando passamos a necessitar de suplementação de vitaminas e minerais, que hoje compramos nas farmácias, ao contrário do tempo de minha avó, que os encontrava na quitanda vizinha de sua casa.

Agora você deve estar realmente bravo comigo, pensando que este doido aqui não deve ter mais nada a fazer senão apurrinhá-lo com idéias malucas que, sequer, poderão ser postas em prática, pois como todo mortal, você certamente não tem tempo algum para dedicar-se à culinária.

Mas veja que interessante, a modernidade também possui algumas descobertas que nos adiantam muito a vida. Já faz algum tempo que inventaram-se máquinas fabulosas que extraem sucos deliciosos e nutritivos de praticamente qualquer vegetal em poucos segundos, como as centrífugas, ou iogurteiras que preparam, praticamente sozinhas, deliciosos iogurtes com polpas de frutas naturais que beiram o manjar dos deuses. Há, ainda, panificadoras domésticas automáticas que preparam pães integrais maravilhosos apenas ao toque de um botão.

Com o avanço do conhecimento, descobriu-se também que a mais importante refeição do dia é a primeira, bem como que o seu jantar deve ser mínimo. Assim, se você conseguir se organizar para deixar seu iogurte natural preparado e os vegetais e frutas já lavados, poderá, em poucos minutos dar-se ao luxo de um café da manhã delicioso, barato e absolutamente nutritivo, resolvendo boa parte de sua alimentação diária.

E como não só eu e você vivemos nos concorridos tempos modernos, multiplicam-se nas estantes das livrarias e nos sites de culinária receitas simples, rápidas, práticas, nutritivas e absolutamente fabulosas em sabor.

Enfim, agora que você já conseguiu dividir suas compras ao longo da semana e já consegue fazê-las no comércio próximo à sua casa, talvez esteja pronto a saltar para o próximo passo e preparar os alimentos de sua família.

É claro que não é uma tarefa fácil, mas as boas surpresas poderão ser muitas. Garanto que você jamais encontraria o sabor e frescor de um suco de abacaxi com hortelã e salsa numa caixinha, assim como todas as sensações de saborear uma sopa de abóbora com gengibre se tentar prepará-la a partir de um pacotinho.

Além de economizar alguns reais, você estará consumindo uma alimentação absolutamente mais nutritiva e saudável e estará se arriscando a receber de sua família todos aqueles elogios e carinhos com os quais minha vó contava a cada Domingo.

Para ajudá-lo nesta tarefa estão aí algumas dicas. Divirta-se...

Livro de Receitas Dona Benta > Peça o seu Grátis

Receitas Simples > Site com algumas receitas interessantes

Algo Sobre Vitaminas > Uma introdução sobre vitaminas e alimentos

O Poder dos Sucos > Livro de Jay Kordich

As Vitaminas do Futuro > Livro de Wilson Kamargo

Todos os Sentidos > Site com dicas interessantes e algumas receitas

CONSEA > Conselho Nacional de Segurança Alimentar

sexta-feira, 4 de julho de 2008

O preço dos alimentos e...

... os hipermercados

Amplos estacionamentos, corredores largos e bem iluminados, uma aparente enorme variedade de produtos, sem se falar nas riquíssimas campanhas publicitárias e nas tais "ofertas da semana", ou do dia, ou do minuto.

Não há como se negar que o apelo destes templos de consumo seja realmente irresistível. Mas será mesmo que estas megaempresas, donas de um capital financeiro comparável às exploradoras de petróleo e capazes de manipular até o sistema econômico e político de seus países são mesmo a melhor opção no momento de fazermos nossas compras?

Se sua resposta for sim e sua justificativa a variedade de produtos que elas ofertam, façamos um pequeno teste. Experimente entrar numa destas lojas à procura da Manteiga Aviação em lata, a mesma que minha avó dizia ser a mais gostosa, além de economizar na conta da luz por não precisar ir à geladeira.

Depois de vinte minutos seu pensamento será: "Se era do tempo da avó dele, já nem deve existir mais". Engano seu, ela existe e continua sendo a mais gostosa. Insista um pouco mais e você a encontrará numa pequena cesta no pé da gôndola refrigerada onde uma parede de 3 metros de altura e 5 de comprimento da margarina de sebo de galinha(argh!) de marca mais famosa desvia sua atenção.

Faça o mesmo com os sucos em caixinha. Você acha mesmo que, num país tropical de dimensões continentais existam apenas 3 ou 4 fabricantes destes produtos e nehum seja genuinamente natural?

Agora, se sua justificativa for o argumento preço, volte a qualquer um destes hipermercados, seja ele o "Motofurto", o "Uol Barte" ou o "Presta" e observe atentamente a diferença de preços entre as diferentes marcas de um mesmo produto. Não é raro que aquele que aparece mais e tem o preço menor, esteja com o prazo de validade já próximo do vencimento. Além disto, também não é raro descobrir que para alguns produtos, como os vidros de azeitonas, apenas duas ou três marcas estão expostas, com preços muito semelhantes.

E veja que nova observação: você já se perguntou como é possível que uma equipe repositora tão eficiente, capaz de manter as gôndolas abastecidas e organizadas até nos dias mais movimentados é capaz de ser tão displiscente, a ponto de "esquecer" de afixar os preços dos produtos? E note ainda a seguinte coincidência: Normalmente estes "erros" ocorrem com produtos de sua marca preferida, quando junto a eles estão montanhas do mesmo produto da tal "marca própria".

Finalmente, tente procurar o gerente do estabelecimento e reclamar do aumento de preços dos produtos. Se você o encontrar e ele estiver de bom humor, ouvirá que o problema é dos fornecedores que, descaradamente, aumentam os custos deixando o mercado "sem opção". Mas se estes megaempreendimentos multinacionais manipulam seus consumidores sem a menor cerimônia, imagine o que são capazes de fazer com seus fornecedores. Não se iluda, em todo o sistema econômico, quem detém o poder de manipular os preços são aqueles que possuem os maiores capitais.

A conclusão é que, no momento de definir preços para os alimentos, são estes mega-conglomerados que possuem as melhores condições de atuar junto aos fornecedores, dotados de seus processos de manipulação do consumidor, conseguindo os melhores preços de compra de maneira a auferir os maiores lucros possíveis.

A solução? Agora que você já conseguiu dividir suas visitas ao mercado durante a semana, já não necessita de ir às compras de carro, para usar o mega-estacionamento, e nem daqueles carrinhos enormes que exigem os largos corredores.

Assim, dê preferência aos pequenos comércios de seu bairro. Neles, além de encontrar os mesmos produtos, com qualidade igual ou superior, você poderá ter a grata surpresa de encontrar preços muito mais interessantes do que já viu em sua vida.

E quanto mais especializado o comércio, melhor. A carne deve ser comprada no açougue, o comércio de laticínios pode lhe fornecer os queijos e embutidos. Para as frutas e hortaliças prefira a quitanda, deixando os industrializados para o mercadinho do Sr. José. E quanto às meias-calças, lâmpadas e abridores de latas? Bem, as lojas de confecções, as casas de ferragens e as lojinhas de 1,99 também estão espalhadas por todos os bairros.

A mágica destes pequenos comércios? Eles não possuem os gigantescos custos agregados das multinacionais, além de respeitar a opinião e o caráter daquele de quem dependem muito mais. Você.

Quando você tiver de reclamar dos preços ou da qualidade em algum destes estabelecimentos, provavelmente será atendido pelo próprio dono que, preocupado em perder um freguês que representa muito de seu faturamento, irá se esforçar em brigar com o fornecedor, em desenvolver um novo produto, em lhe oferecer algum tipo de desconto ou outra opção qualquer que lhe seja muito interessante.

Além disto, ao injetar seu suado dinheirinho no comércio local, você estará dando a estes comerciantes um "poder de fogo" cada vez maior e colaborando para desenvolver economicamente o local onde vive e suas cercanias, melhorando, como um todo, a comunidade na qual você está inserido.

Isto ocorre porque, diferentemente das multinacionais, que enviam seus lucros para os acionistas ligados às suas matrizes além-mar, os pequenos comerciantes utilizam seus lucros para desenvolver o próprio comércio e acabam "espalhando" este desenvolvimento através da contratação de novos funcionários, de prestadores de serviços e novos fornecedores, sempre dando preferência àqueles que lhes estão próximos.

Se ainda assim, você disser que não tem tempo a perder e prefere "resolver tudo de uma vez", lembre-se de que nenhum tempo é perdido. Entre as visitas ao açougue e à padaria, você sempre poderá encontrar um novo amigo com quem trocar bons minutos de conversa.

Já pensou em botar a fofoca em dia com a D. Maria da quitanda? Tenho certeza de que ninguém conhece mais os hábitos da vizinhança do que ela.

Se quiser saber mais a respeito de manipulação econômica, conheça a obra de Adam Smith e sua teoria da "Mão Invisível"

Divirta-se sempre...

quinta-feira, 3 de julho de 2008

O preço dos alimentos e...

...as compras do mês.

Com este eu inicio aqui uma série de artigos que tratarão deste assunto que tem ameaçado nossas noites de sono. Aqui mesmo neste blog, no artigo “A agricultura tradicional e suas mazelas”, nós já tratamos de desvendar os motivos da atual crise de preços dos alimentos e sua conseqüência pelo mundo afora.

Ainda que não nos seja possível, como pequenas formigas que somos, atuar diretamente nos mercados mundiais e reduzir os preços daquele que nos é o mais sagrado dos produtos, existem algumas atitudes que podemos tomar em nossa vida pessoal para minimizar os efeitos nefastos da inflação que nos assola e preocupa.

Desde os tempos da hiperinflação nós, os brasileiros, nos acostumamos a fazer a tal “compra dos mês”. Naquela época fazia todo o sentido estocar os alimentos no mesmo dia em que o salário era depositado em nossa conta pois, se deixássemos para amanhã, talvez só pudéssemos levar para casa a metade dos produtos.

No entanto, como conseqüência desagradável desta ação, boa parte dos alimentos que compramos em nossa visita mensal ao supermercado, seja in natura, seja após sua preparação, acaba indo parar num lugar bem menos interessante do que se ficasse naquela gôndola.

"Um estudo histórico a respeito das civilizações européias desde antes dos tempos de Roma demonstrou que, nos períodos de maior escassez de alimentos, estes poderiam ser fartamente encontrados... no lixo." (Luciano Legaspe)

Isto explica-se pelo fato de que, ao estocar produtos perecíveis, principalmente em locais de clima tropical e alta umidade, como o nosso, a chance de que se deteriorem antes do consumo é muito alta.

Ainda que nos tempos contemporâneos, onde as geladeiras e freezeres são equipamentos onipresentes em nossos lares, as duas atitudes sobre as quais eu mais ouço falar na cozinha são, “a mania de fulana de guardar os restinhos de alimentos em potinhos na geladeira” e a necessidade de “limpar a geladeira”, de quando em quando, para jogar fora o conteúdo dos tais potinhos junto com as cenouras, tomates, brócolis (argh!) e folhas estragadas da gaveta de verduras.

Além disto, não é raro ouvir nas reuniões informais com os amigos comentários do tipo “é claro que tinha que engordar, a patroa insiste em cozinhar um panelaço de arroz, e quatro bifes à parmegiana para o jantar”, fora o pudim e a torta de limão que, apesar de lutar bravamente o casal sem filhos não consegue consumir e as sobras acabam parando, adivinhem... num daqueles potinhos. E não trata-se de simples pujança, a preocupação maior da "patroa" sempre será a de que os alimentos não se estraguem na geladeira.

Se nós pudéssemos diminuir o tamanho de nossa despensa e programar os cardápios de nossas refeições com antecedência, dando atenção ao tamanho das porções que preparamos, seríamos capazes de fazer duas ou três aquisições de alimentos em cada semana, comprando apenas os produtos que realmente seriam consumidos nos próximos três ou quatro dias.

Assim, além de evitarmos que cheguem ao lixo, ao diminuir a quantidade dos alimentos preparados também reduziríamos o consumo da energia elétrica ou do gás empregados no processamento e refrigeração das porções extras.

Com isto, estaríamos economizando boa parte do salário pelo qual dispendemos muito de nosso suor, além de colaborar em nossa eterna briga contra aquele monstro que sempre parece torcer por nossa derrota... a balança que dorme embaixo da pia do banheiro.

Como sei que não é tarefa fácil a de organizar a vida doméstica, desejo boa sorte a quem se aventurar na empreitada. Divirtam-se...

terça-feira, 24 de junho de 2008

A História das Coisas



Um documentário muito interessante e divertido tem rodado o mundo mostrando o que realmente acontece com tudo o que consumimos. Não é errado afirmarmos que todas as mazelas que nossa biosfera (a Terra) sofre decorrem das atitudes que cada um de nós toma a respeito de hábitos simples como o nosso consumo diário.

O que é difícil, é que entendamos a verdadeira amplitude destas nossas atitudes. Neste documentário, Annie Leonard nos mostra de maneira divertida, didática e eficiente todas as etapas que envolvem a cadeia produtiva mundial e suas consequencias.

Vale a pena perder uns 20 minutinhos.


Para assistir em seu local de origem com outros recursos...

segunda-feira, 16 de junho de 2008

O Veado e a Mata.

Vejam que interessante leitura da lei...

Então, por tratar-se de um crime pequeno, o Dep. Clodovil Hernandes (aquele mesmo) foi absolvido, baseado no "Princípio da Insignificância", de crime ambiental por desmatar e aterrar 6.520m² (0,652 hectare) de área pertencente à Unidade de Conservação do Parque Estadual da Serra do Mar, no Município de Ubatuba, sem falar-se da introdução de espécies exóticas ao bioma.

Vale lembrar que, num único hectare (10.000 m²) de Mata Atlântica pode-se encontrar até 458 diferentes espécies arbóreas, outro tanto de vegetais não arbóreos e um sem número de espécies da fauna, algumas delas endêmicas, ameaçadas e ainda não catalogadas, o que torna este bioma um dos mais importantes de todo o mundo ao tratar-se de biodiversidade, com uma densidade de espécies por hectare maior até mesmo do que a amazônica.

Com números desta monta, o que será então que caracteriza a insignificância deste crime? Teria o excelentíssimo senhor ministro Marco Aurélio entendido que a área é pequena demais apenas porque um erro de contas transformou 0,652 hectare em 652m² (e não 6.520m²)? Teria nosso magistrado mor feito contas (após um curso hiper-intensivo de GA) e percebido que a área em questão era de regeneração primária, com um número de espécies inferior ao que se diz e, por conseguinte, passível de supressão sem a necessidade de um EIA? Ou teria entendido nosso mais evidente defensor da justiça que este é um crime menor, diante de toda a canalhice a envolver os homens públicos que passam por seu tribunal todos os dias?

Fato é que, se você não for um deputado e for flagrado podando uma árvore frutífera na calçada ou em seu quintal, na época certa, da maneira correta apenas com a intenção de dar-lhe maior vigor e melhores condições fitossanitárias, mas não tiver a devida autorização, vai acabar na cadeia. Já se fores um deputado federal poderá desmatar mais de 6.000 m² da mata atlântica, afetar a biodiversidade do segundo bioma mais ameaçado do planeta, dentro de uma unidade de conservação e ter sua atitude descrita como uma ação pequena e insignificante.

Se ainda pensa em mudar de carreira, muda para a carreira política. As outras não têm graça nenhuma.

Confira abaixo...


> Portal O Barriga Verde. Clique aqui para ler a notícia no portal!

> http://www.stf.gov.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=91118

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Pequenas atitudes, grandes soluções.

Você já ouviu falar em fraldas de pano? Pois, a cada dia que se passa eu descubro que minha avó era mesmo quem sabia das coisas...

Desde a década de 50, quando a febre dos descartáveis nos acometeu gravemente, o plástico e o papel acabaram chegando aos lugares mais inusitados. Além dos copos, pratos e garfos que já não precisavam ser lavados e não consumiam nosso tempo, também os bumbuns de nossos bebês entraram na dança e sucumbiram às fraldas descartáveis que trouxeram imensa versatilidade e economia de tempo às atarefadas mamães de plantão.

Hoje, depois de descobrirmos o transtorno em que elas se transformaram, ao contribuir para a elevação da quantidade e volume de resíduos em nossos insuficientes aterros sanitários, estamos fazendo o caminho inverso e voltando a utilizar a tecnologia de nossas avós.

Uma recente pesquisa na Grã-Bretanha motrou que o número de pais a adotarem as fraldas de pano quadruplicou nos últimos anos, chegando, em 2008, a 8% dos pais com filhos que ainda usam fraldas.

Para aqueles que não abrem mão da praticidade e argumentam sobre o tempo perdido com a limpeza e lavagem das tais velharias, uma série de empresas já oferecem o serviço de "locação de fraldas" em que, semanal ou diariamente são entregues aos pais uma certa quantidade de fraldas limpas e retiradas as usadas para lavagem e higienização.

Aqui no Brasil este serviço ainda é muito pouco difundido devido à pequena demanda. Mas ainda que não se consiga encontrá-lo em sua região, uma boa solução é a parceria com a lavanderia de seu bairro. Do ponto de vista econômico, possivelmente não haverá vantagens caso você opte pelo conforto de não lavá-las em casa. Mas do ponto de vista ambiental...

Caso você queira se aprofundar:

http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2008/04/28/uso_de_fraldas_de_pano_cresce_devido_preocupacao_ambiental-427092569.asp

http://lagartoamarelo.blogspot.com/2008/02/fralda-serve-para-o-qu-mesmo.html

Real Diaper Association(UK), organização coletiva não-lucrativa que difunde o uso de fraldas de pano. http://www.realdiaperassociation.org/

quarta-feira, 30 de abril de 2008

A agricultura tradicional e suas mazelas.

É longo, mas serve para refletir...

Nas últimas semanas veio à tona em toda a imprensa a questão do aumento de preços que os alimentos vêem sofrendo mundialmente.

Muitos tem sido apontados como culpados por esta situação e, a cada notícia, grupos de interesses econômicos diversos manifestam-se por rechaçar seus oponentes, pinçando pequenos detalhes desta ou daquela avaliação.

Quando mostram-se dados acerca da expansão do biocombustível sobre as plantações de milho nos EUA, os detentores dos mercados financeiros apressam-se em tocar lenha na fogueira a fim de desviarem a atenção que se volta para o papel "anti-social" das bolsas de mercadorias. Ao ver seus investimentos ameaçarem ruir, os grandes produtores de Etanol, e até o nosso Presidente, mostram seus dentes e apontam para os subsídios que a União Européia fornece aos seus produtores agrícolas. Estes, por sua vez, defendem-se apontando falhas de rastreabilidade no sistema de controle da febre aftosa dos rebanhos estrangeiros.

E, no meio de toda esta batalha de informações, o povo faminto indaga-se: "O que é que eu tenho a ver com isto?"

Será mesmo que a culpa pela elevação dos preços é "dos pobres que estão comendo mais"? Teríamos nós, os menos favorecidos, tamanha capacidade de influência nos mercados mundiais de alimentos que chegam a movimentar dezenas de trilhões de dólares ao ano?

De alguma forma pode ser que sim. Não que nosso Presidente seja um visionário com certa dificuldade em escolher suas palavras. Mas desde que optamos por terceirizar a obtenção de nosso alimento, pagando dinheiro às empresas de interesse econômico para cuidarem dos produtos que consumimos diáriamente, iniciamos um processo especulativo que, em algum momento, acabaria mostrando suas desvantagens.

Na ânsia de obter ganhos cada vez maiores, dedicando-se exclusivamente ao plantio ou à pecuária, os produtores terceirizaram a distribuição de seus produtos. Os distribuidores, por sua vez, ao perceber que perdiam muitas de suas horas cuidando do transporte destes produtos, terceirizaram a logística de sua empresa, entregando-a a outras especializadas em gerenciar a frenética dança de caminhões, trens e navios ao redor do planeta. E, uma vez que toda esta cadeia deveria levar em consideração uma única avaliação mundial, criamos as bolsas de mercadorias, onde especialistas em mercados de capitais definem o preço do tomate, sem nem mesmo saber se a planta de onde ele sai é uma árvore, arbusto ou rasteira.

A conclusão: Hoje o Bacalhau da Noruega é pescado no Alasca, enviado à Malásia para processamento e chega à Noruega em filés acondicionados em trens. O maior produtor mundial do Kiwi, fruta símbolo da Nova Zelândia e originária do sul da China, é a Itália que a exporta para todo o mundo durante todo o ano. E os maiores consumidores de arroz, os países asiáticos, importam boa parte do que consomem do, quem diria, Brasil.

E nesta frenética teia nós, os pobres, trabalhamos cada vez mais para ganhar cada vez mais dinheiro e comprar alimentos, contaminados com agrotóxicos pestilentos, cada vez mais caros.

Lembram-se da horta que sua avó tinha no quintal de casa, tocada principalmente pelos restos de alimento que ela transformava em adubo e que não lhe custava mais do que meia hora por dia de cuidados? Certamente a alface, o tomate e a rúcula que ela colhia e usava para preparar a salada do Domingão não lhe custavam muito, não tinham a alta concentração de venenos que nós estamos ingerindo hoje e ainda lhe traziam extremo prazer, ao poder ser compartilhada com você, num processo de interação familiar que você não deve ter hoje com seu filho pois, certamente, estará trabalhando muito duro para colocar comida dentro de casa.

Se quiser se aprofundar e conhecer a agricultura orgânica e doméstica, visite os endereços
http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./agropecuario/index.html&conteudo=./agropecuario/agrinatural.html e

http://www.ambientebrasil.com.br/espaco_leitor/viewtopic.php?id=1233645

Divirtam-se

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Nossa luta contra a natureza já tem um vencedor.

A imagem intrigante de um ipê-amarelo que virou poste mas não se rendeu, que anda correndo a internet, deveria evidenciar para nós quem é maior na guerra que travamos com a natureza...

Se o homem ainda acredita que pode manipulá-la, se ainda anseia poder definir o destino do planeta, só porque decifrou o seu próprio código genético, ou só porque consegue administrar congressos e conferências onde o falatório subrepuja as ações, deveria observar mais o ambiente do qual faz parte.

Apesar de termos sido agraciados com o maior dos presentes do Universo, a capacidade de raciocinar, infelizmente não soubémos fazer bom uso de nossa melhor ferramenta e, dentro em breve, seremos engolidos pelo planeta para que se possa haver justiça e para que, o próprio Universo, possa se redimir de seu erro.

Ao invés de termos ensinado aos macacos como pedir comida em nossos laboratórios e universidades, deveríamos ter aprendido com eles a maneira correta de nos relacionarmos com o meio a que pertencemos.

Se você ainda acredita que tomando um banho 12,7% mais rápido ou apagando um bico de luz à noite, poderá escapar ileso à batalha que nossos antepasados iniciaram e que ainda teimamos em manter acesa, como se tivéssemos todos sido lobotomizados pelo mesmo mentor de George W. Bush, veja a foto de Leandro Barcellos, leia seu texto e perca, definitivamente, suas esperanças.

Divirta-se em... http://jacksonangelo.blogspot.com/2008/03/da-energia-se-fez-vida.html

quinta-feira, 27 de março de 2008

Você conhece Fritjof Capra?

Vejam que interessante este conceito de Sociedade Sustentável e não se iludam com a aparência de utopia pintada por este artigo... muito do que achamos normal, comum e básico hoje, já foi considerado utópico ou impossível em algum momento do passado.

Se hoje você acredita que não viveria sem o seu carro novo, talvez daqui a alguns anos um outro produto torne-se tão mais necessário e caro para sua vida que você poderá dispender de alguns "confortos" aos quais tanto valoriza hoje.

Talvez um dia você descubra que, cuidar melhor da comunidade onde você está inserido e adaptar-se a ela, diminuindo assim as pressões sociais e a luta de classes, poderia prolongar e facilitar tanto a sua vida que você poderia dispor de certos produtos materiais (como seu carrão, ou suas roupas caras), em troca de uma tranquilidade e de um modo de vida muito mais simples e prazeroso.

Divirtam-se em... http://envolverde.ig.com.br/materia.php?cod=44616&edt=