quarta-feira, 30 de abril de 2008

A agricultura tradicional e suas mazelas.

É longo, mas serve para refletir...

Nas últimas semanas veio à tona em toda a imprensa a questão do aumento de preços que os alimentos vêem sofrendo mundialmente.

Muitos tem sido apontados como culpados por esta situação e, a cada notícia, grupos de interesses econômicos diversos manifestam-se por rechaçar seus oponentes, pinçando pequenos detalhes desta ou daquela avaliação.

Quando mostram-se dados acerca da expansão do biocombustível sobre as plantações de milho nos EUA, os detentores dos mercados financeiros apressam-se em tocar lenha na fogueira a fim de desviarem a atenção que se volta para o papel "anti-social" das bolsas de mercadorias. Ao ver seus investimentos ameaçarem ruir, os grandes produtores de Etanol, e até o nosso Presidente, mostram seus dentes e apontam para os subsídios que a União Européia fornece aos seus produtores agrícolas. Estes, por sua vez, defendem-se apontando falhas de rastreabilidade no sistema de controle da febre aftosa dos rebanhos estrangeiros.

E, no meio de toda esta batalha de informações, o povo faminto indaga-se: "O que é que eu tenho a ver com isto?"

Será mesmo que a culpa pela elevação dos preços é "dos pobres que estão comendo mais"? Teríamos nós, os menos favorecidos, tamanha capacidade de influência nos mercados mundiais de alimentos que chegam a movimentar dezenas de trilhões de dólares ao ano?

De alguma forma pode ser que sim. Não que nosso Presidente seja um visionário com certa dificuldade em escolher suas palavras. Mas desde que optamos por terceirizar a obtenção de nosso alimento, pagando dinheiro às empresas de interesse econômico para cuidarem dos produtos que consumimos diáriamente, iniciamos um processo especulativo que, em algum momento, acabaria mostrando suas desvantagens.

Na ânsia de obter ganhos cada vez maiores, dedicando-se exclusivamente ao plantio ou à pecuária, os produtores terceirizaram a distribuição de seus produtos. Os distribuidores, por sua vez, ao perceber que perdiam muitas de suas horas cuidando do transporte destes produtos, terceirizaram a logística de sua empresa, entregando-a a outras especializadas em gerenciar a frenética dança de caminhões, trens e navios ao redor do planeta. E, uma vez que toda esta cadeia deveria levar em consideração uma única avaliação mundial, criamos as bolsas de mercadorias, onde especialistas em mercados de capitais definem o preço do tomate, sem nem mesmo saber se a planta de onde ele sai é uma árvore, arbusto ou rasteira.

A conclusão: Hoje o Bacalhau da Noruega é pescado no Alasca, enviado à Malásia para processamento e chega à Noruega em filés acondicionados em trens. O maior produtor mundial do Kiwi, fruta símbolo da Nova Zelândia e originária do sul da China, é a Itália que a exporta para todo o mundo durante todo o ano. E os maiores consumidores de arroz, os países asiáticos, importam boa parte do que consomem do, quem diria, Brasil.

E nesta frenética teia nós, os pobres, trabalhamos cada vez mais para ganhar cada vez mais dinheiro e comprar alimentos, contaminados com agrotóxicos pestilentos, cada vez mais caros.

Lembram-se da horta que sua avó tinha no quintal de casa, tocada principalmente pelos restos de alimento que ela transformava em adubo e que não lhe custava mais do que meia hora por dia de cuidados? Certamente a alface, o tomate e a rúcula que ela colhia e usava para preparar a salada do Domingão não lhe custavam muito, não tinham a alta concentração de venenos que nós estamos ingerindo hoje e ainda lhe traziam extremo prazer, ao poder ser compartilhada com você, num processo de interação familiar que você não deve ter hoje com seu filho pois, certamente, estará trabalhando muito duro para colocar comida dentro de casa.

Se quiser se aprofundar e conhecer a agricultura orgânica e doméstica, visite os endereços
http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./agropecuario/index.html&conteudo=./agropecuario/agrinatural.html e

http://www.ambientebrasil.com.br/espaco_leitor/viewtopic.php?id=1233645

Divirtam-se

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