sexta-feira, 4 de julho de 2008

O preço dos alimentos e...

... os hipermercados

Amplos estacionamentos, corredores largos e bem iluminados, uma aparente enorme variedade de produtos, sem se falar nas riquíssimas campanhas publicitárias e nas tais "ofertas da semana", ou do dia, ou do minuto.

Não há como se negar que o apelo destes templos de consumo seja realmente irresistível. Mas será mesmo que estas megaempresas, donas de um capital financeiro comparável às exploradoras de petróleo e capazes de manipular até o sistema econômico e político de seus países são mesmo a melhor opção no momento de fazermos nossas compras?

Se sua resposta for sim e sua justificativa a variedade de produtos que elas ofertam, façamos um pequeno teste. Experimente entrar numa destas lojas à procura da Manteiga Aviação em lata, a mesma que minha avó dizia ser a mais gostosa, além de economizar na conta da luz por não precisar ir à geladeira.

Depois de vinte minutos seu pensamento será: "Se era do tempo da avó dele, já nem deve existir mais". Engano seu, ela existe e continua sendo a mais gostosa. Insista um pouco mais e você a encontrará numa pequena cesta no pé da gôndola refrigerada onde uma parede de 3 metros de altura e 5 de comprimento da margarina de sebo de galinha(argh!) de marca mais famosa desvia sua atenção.

Faça o mesmo com os sucos em caixinha. Você acha mesmo que, num país tropical de dimensões continentais existam apenas 3 ou 4 fabricantes destes produtos e nehum seja genuinamente natural?

Agora, se sua justificativa for o argumento preço, volte a qualquer um destes hipermercados, seja ele o "Motofurto", o "Uol Barte" ou o "Presta" e observe atentamente a diferença de preços entre as diferentes marcas de um mesmo produto. Não é raro que aquele que aparece mais e tem o preço menor, esteja com o prazo de validade já próximo do vencimento. Além disto, também não é raro descobrir que para alguns produtos, como os vidros de azeitonas, apenas duas ou três marcas estão expostas, com preços muito semelhantes.

E veja que nova observação: você já se perguntou como é possível que uma equipe repositora tão eficiente, capaz de manter as gôndolas abastecidas e organizadas até nos dias mais movimentados é capaz de ser tão displiscente, a ponto de "esquecer" de afixar os preços dos produtos? E note ainda a seguinte coincidência: Normalmente estes "erros" ocorrem com produtos de sua marca preferida, quando junto a eles estão montanhas do mesmo produto da tal "marca própria".

Finalmente, tente procurar o gerente do estabelecimento e reclamar do aumento de preços dos produtos. Se você o encontrar e ele estiver de bom humor, ouvirá que o problema é dos fornecedores que, descaradamente, aumentam os custos deixando o mercado "sem opção". Mas se estes megaempreendimentos multinacionais manipulam seus consumidores sem a menor cerimônia, imagine o que são capazes de fazer com seus fornecedores. Não se iluda, em todo o sistema econômico, quem detém o poder de manipular os preços são aqueles que possuem os maiores capitais.

A conclusão é que, no momento de definir preços para os alimentos, são estes mega-conglomerados que possuem as melhores condições de atuar junto aos fornecedores, dotados de seus processos de manipulação do consumidor, conseguindo os melhores preços de compra de maneira a auferir os maiores lucros possíveis.

A solução? Agora que você já conseguiu dividir suas visitas ao mercado durante a semana, já não necessita de ir às compras de carro, para usar o mega-estacionamento, e nem daqueles carrinhos enormes que exigem os largos corredores.

Assim, dê preferência aos pequenos comércios de seu bairro. Neles, além de encontrar os mesmos produtos, com qualidade igual ou superior, você poderá ter a grata surpresa de encontrar preços muito mais interessantes do que já viu em sua vida.

E quanto mais especializado o comércio, melhor. A carne deve ser comprada no açougue, o comércio de laticínios pode lhe fornecer os queijos e embutidos. Para as frutas e hortaliças prefira a quitanda, deixando os industrializados para o mercadinho do Sr. José. E quanto às meias-calças, lâmpadas e abridores de latas? Bem, as lojas de confecções, as casas de ferragens e as lojinhas de 1,99 também estão espalhadas por todos os bairros.

A mágica destes pequenos comércios? Eles não possuem os gigantescos custos agregados das multinacionais, além de respeitar a opinião e o caráter daquele de quem dependem muito mais. Você.

Quando você tiver de reclamar dos preços ou da qualidade em algum destes estabelecimentos, provavelmente será atendido pelo próprio dono que, preocupado em perder um freguês que representa muito de seu faturamento, irá se esforçar em brigar com o fornecedor, em desenvolver um novo produto, em lhe oferecer algum tipo de desconto ou outra opção qualquer que lhe seja muito interessante.

Além disto, ao injetar seu suado dinheirinho no comércio local, você estará dando a estes comerciantes um "poder de fogo" cada vez maior e colaborando para desenvolver economicamente o local onde vive e suas cercanias, melhorando, como um todo, a comunidade na qual você está inserido.

Isto ocorre porque, diferentemente das multinacionais, que enviam seus lucros para os acionistas ligados às suas matrizes além-mar, os pequenos comerciantes utilizam seus lucros para desenvolver o próprio comércio e acabam "espalhando" este desenvolvimento através da contratação de novos funcionários, de prestadores de serviços e novos fornecedores, sempre dando preferência àqueles que lhes estão próximos.

Se ainda assim, você disser que não tem tempo a perder e prefere "resolver tudo de uma vez", lembre-se de que nenhum tempo é perdido. Entre as visitas ao açougue e à padaria, você sempre poderá encontrar um novo amigo com quem trocar bons minutos de conversa.

Já pensou em botar a fofoca em dia com a D. Maria da quitanda? Tenho certeza de que ninguém conhece mais os hábitos da vizinhança do que ela.

Se quiser saber mais a respeito de manipulação econômica, conheça a obra de Adam Smith e sua teoria da "Mão Invisível"

Divirta-se sempre...

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